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sábado, 14 de setembro de 2024

Escrito por em 14.9.24 com 0 comentários

Desenhos Marvel (IV)

Lá em 2013, eu comecei a escrever um post sobre o desenho The Marvel Super Heroes, que acabou se transformando em um post sobre todos os desenhos com heróis Marvel produzidos nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Como os da década de 1990 eram os que eu gostava mais, alguns meses depois decidi escrever um segundo post, falando sobre esses. No ano seguinte, eu faria um terceiro post, falando sobre os desenhos produzidos na primeira década de 2000. Hoje, mais de dez anos depois, vou retornar a essa série, falando sobre os desenhos produzidos na década de 2010. Os motivos pelos quais eu levei tanto tempo para fazer esse post são vários, mas os dois principais são que eu não assisti a nenhum desses desenhos, e, por alguma razão, eu achava que eles eram muitos e não caberiam em um post só; recentemente, entretanto, empolgado com X-Men '97, decidi dar uma pesquisada, acabei descobrindo que não são tantos assim, e me animei a escrever. Hoje, portanto, é dia, mais uma vez, de Desenhos Marvel no átomo!

Diferentemente das duas décadas anteriores, a de 2010 começaria não com um desenho dos X-Men, e sim com um dos Vingadores, dentre outros motivos porque, no final da década de 2000, a Marvel havia sido comprada pela Disney, que planejava fazer dos Vingadores seu investimento principal - já que a então equipe mais popular da Marvel, os X-Men, estava com seus direitos de adaptação cedidos para a Fox, o que significava que a Disney não poderia fazer desenhos com eles. Esse desenho se chamaria Os Vingadores: Os Super-Heróis mais Poderosos da Terra (The Avengers: Earth's Mightiest Heroes) e, inicialmente, seria estrelado pela equipe original dos Vingadores nos quadrinhos: Homem de Ferro, Thor, Hulk, Homem-Formiga e Vespa.

A história é que esses heróis precisam se unir após uma fuga em massa de vilões que estavam em uma prisão da SHIELD, desafio grande demais para um herói enfrentar sozinho. Ainda na primeira temporada, os Vingadores ganham três novos membros, Capitão América, Gavião Arqueiro e Pantera Negra, e, ao final, descobrem que a fuga foi orquestrada por Loki, que planejava usá-la como uma distração para dominar o mundo. Na segunda temporada, os Vingadores, já como uma equipe bem estabelecida, enfrentam ameaças cósmicas, como os Skrulls e os Kree, além de confrontar vilões famosos da Marvel como o Dr. Destino e o Caveira Vermelha; a segunda temporada conta com participações especiais de vários outros heróis Marvel, como o Homem-Aranha, Wolverine e os Guardiões da Galáxia, e nela os Vingadores ganham dois novos membros, Miss Marvel e Visão. A segunda temporada também tem uma história secundária na qual Surtur tenta obter poder suficiente para enfrentar os Vingadores, o que ele acredita que dará origem ao Ragnarok.

Assim como o último desenho da década de 2000, Esquadrão de Heróis, Os Vingadores seria uma parceria entre a Marvel, a Film Roman e a Ingenious Media (essa última somente na primeira temporada). Devido ao sucesso da microssérie Star Wars: The Clone Wars, que tinha episódios bem curtos inseridos na programação do Cartoon Network, a Marvel decidiria fazer o mesmo, e encomendaria 20 "micro-episódios", de 5 minutos cada, cada um deles focado em um dos heróis originais da equipe, todos ambientados antes de eles se reunirem, ou seja, em cada um deles, o herói protagonista age sozinho. Esses micro-episódios seriam disponibilizados gratuitamente online entre 22 de setembro e 11 de outubro de 2010, e exibidos no canal Disney XD, sempre quatro por dia, entre 11 e 15 de outubro.

A primeira temporada estrearia no Disney XD em 20 de outubro de 2010, e teria 20 episódios, o último exibido em 26 de junho de 2011. Para as reprises, porém, o primeiro episódio, que originalmente tinha uma hora de duração, seria dividido em dois, e os 20 micro-episódios seriam condensados em 5 episódios, cada um protagonizado por um herói diferente, que viriam logo após a segunda parte do primeiro, elevando o total de episódios para 26. A segunda temporada teria mais 26, exibidos entre 1 de abril e 11 de novembro de 2012. Antes mesmo de a segunda temporada ir o ar, a Marvel tomaria a decisão de não renovar o desenho para uma terceira, criando um novo desenho dos Vingadores, baseado no filme de 2012; diante disso, a equipe de produção decidiria fazer um último episódio especial, com a participação de todos os personagens que já haviam aparecido na série, em uma grande batalha contra Galactus.

Se a série não tivesse sido cancelada, na terceira temporada o antagonista seria Surtur, com os Vingadores tendo de impedir o Ragnarok, e haveria uma participação especial dos X-Men, que começaria provavelmente com uma adaptação da saga dos quadrinhos A vs. X. Na verdade, os produtores da série, Christopher Yost e Josh Fine, haviam traçado planos gerais até uma quinta temporada, pensando em adaptar sagas recentes dos quadrinhos, como Reinado Sombrio e O Cerco, e introduzir novos personagens na equipe a cada temporada, como a Feiticeira Escarlate e Mercúrio. Yost e Fine diriam ter sido pegos de surpresa pela decisão da Marvel, já que a audiência da primeira temporada foi considerada boa, e até hoje, embora saibam que isso é a cada ano menos provável, tentam convencer a Marvel a produzir uma terceira temporada, que poderia estrear no Disney+.

Pois bem, quando eu disse que Os Vingadores havia sido o primeiro desenho Marvel da década de 2010, eu menti. Ou quase, já que ele realmente foi o primeiro a estrear nos Estados Unidos, mas, alguns dias antes, estreou um outro, só que no Japão. Tudo começou em 2009, quando a Marvel fez um acordo com o estúdio japonês Madhouse (de Hunter X Hunter e Frieren), que previa a criação de quatro séries, que "reimaginariam os heróis Marvel para o público japonês", com supervisão do roteirista Warren Ellis. Todas as quatro séries são ambientadas no Japão, mas, diferentemente do que ocorre nesses casos, não mostra como seria se os heróis Marvel tivessem nascido e sido criados lá, e sim os heróis originais norte-americanos viajando para o Japão e vivendo alguma aventura lá. Essas quatro séries ficariam conhecidas coletivamente como Marvel Anime, e cada uma delas teria 12 episódios.

A primeira delas seria Marvel Anime: Homem de Ferro (Marvel Anime: Iron Man), exibida entre 1 de outubro e 17 de dezembro de 2010 no Japão, no canal Animax, e entre 29 de julho e 14 de outubro de 2011 nos Estados Unidos, no canal a cabo G4. Nela, Tony Stark vai ao Japão para supervisionar a produção de um novo reator ARC e apresentar o protótipo DIO, que o substituirá como Homem de Ferro após sua aposentadoria. O DIO passa a agir por conta própria e destruir tudo, e cabe a Tony vestir a armadura do Homem de Ferro e detê-lo, com a ajuda do capitão do exército japonês Nagato Sakurai.

A segunda seria Marvel Anime: Wolverine, exibida entre 7 de janeiro e 25 de março de 2011 no Animax, e entre 29 de julho e 14 de outubro de 2011 no G4, na qual Wolverine vai ao Japão resgatar sua antiga paixão, Mariko Yashida, cujo pai quer casar à força com um chefão da Yakuza, para ganhar favores da organização criminosa IMA. Na terceira, Marvel Anime: X-Men, exibida entre 1 de abril e 24 de junho de 2011 no Animax, e entre 21 de outubro de 2011 e 6 de janeiro de 2012 no G4, uma equipe composta por Wolverine, Ciclope, Tempestade e Fera é reunida pelo Professor X para viajar até o Japão depois que Armadura é sequestrada por uma organização terrorista que rouba órgãos de jovens mutantes; lá, eles descobrem não somente um plano nefasto do Círculo Interno do Clube do Inferno, mas também que um vírus pode acabar com a vida de vários jovens mutantes ao redor do planeta.

A quarta e última série seria Marvel Anime: Blade, exibida entre 1 de julho e 16 de setembro de 2011 no Animax e entre 21 de outubro de 2011 e 6 de janeiro de 2012 no G4, na qual o caçador de vampiros vai até o Japão caçando Deacon Frost, o vampiro que assassinou sua mãe, e, lá, descobre uma organização de vampiros chamada Existence, com planos de erradicar toda a raça humana. Vale citar que Wolverine faz participações especiais em um episódio de Homem de Ferro e em um de Blade, sendo o único personagem a participar de todas as quatro séries, e que a Madhouse também produziria dois longas de animação lançados diretamente em DVD e Blu-ray: Homem de Ferro: A Batalha Contra Ezekiel Stane (Iron Man: Rise of Technovore), de 2013, continuação direta da série, e Os Vingadores Confidencial: Viúva Negra e Justiceiro (Avengers Confidential: Black Widow & Punisher), de 2014, que deveria ser uma espécie de piloto para uma nova leva de quatro séries, que jamais saíram do papel.

Em 2011, a Marvel começaria a trabalhar no projeto de uma nova série do Homem-Aranha, e escolheria Brian Michael Bendis e Paul Dini para serem seus roteiristas e produtores. Eles decidiriam basear a série na linha de quadrinhos Ultimate, criada por Bendis, mas com um Peter Parker totalmente original e criado especificamente para ela; ainda assim, a série se chamaria Ultimate Homem-Aranha (Ultimate Spider-Man). A equipe Man of Action, responsável pelos desenhos Ben 10 e Generation Rex, também contribuiria com roteiros e dicas de animação, com a série sendo totalmente produzida pela Marvel Animation. Dois destaques do elenco seriam Drake Bell, que interpretou uma paródia do Homem-Aranha, o Homem-Libélula, em Super-Herói: O Filme, como Peter Parker, e J.K. Simmons como J. Jonah Jameson, repetindo seu papel dos filmes.

A série começa um ano após Peter Parker se tornar o Homem-Aranha, estando plenamente estabelecido como um combatente do crime. Achando que ele ainda está muito cru para ser um super-herói, Nick Fury decide convidá-lo para se integrar uma equipe especial da SHIELD, onde terá a oportunidade de enfrentar desafios maiores e agir em conjunto com outros heróis adolescentes, como Nova, a Tigresa Branca, a Garota Esquilo, e as duplas Punho de Ferro e Poderoso e Manto e Adaga. Ao todo, a série teria 104 episódios divididos em quatro temporadas, todas exibidas no Disney XD, entre 1 de abril de 2012 e 7 de janeiro de 2017. Na primeira, Norman Osborn decide usar o DNA do Homem-Aranha para criar um exército de super soldados que venderá para o governo, incumbindo o Doutor Octopus de contratar vários vilões para enfrentar o herói e tentar obter seu DNA.

Na segunda temporada, buscando vingança, o Dr. Octopus cria o Sexteto Sinistro, composto por ele, o Lagarto, Rhino, Electro, Kraven e o Besouro, mais tarde substituído pelo Escorpião; para se redimir, Osborn assume o manto do Patriota de Ferro e passa a ser aliado da SHIELD. A terceira temporada teria o subtítulo de Web Warriors, e seria uma espécie de prévia do Aranhaverso, com Homens-Aranha de diversas realidades se unindo para derrotar Osborn, que volta a ser o Duende Verde; no final, Miles Morales se une à equipe de jovens heróis da SHIELD, assim como Flash Thompson, como agente Venom. A quarta temporada teria o subtítulo vs. The Sinister 6, e traria o Dr. Octopus criando uma nova versão da equipe do mal, que conta com o Duende Verde da realidade de origem de Miles Morales, mais Kraven, Rhino, Electro e Hydro-Man; essa temporada também teria a estreia do Aranha Escarlate, da Madame Teia e do Carnificina, além de uma história paralela envolvendo a SHIELD e a Hydra.

Alguns dos personagens de Ultimate Homem-Aranha fariam participações especiais nas duas séries animadas seguintes, em uma indicação de que todas as três eram ambientadas no mesmo universo. A série dividiria a crítica, com a maioria achando que ela era muito infantil, com os roteiros não tendo muita profundidade; a audiência começaria boa mais cairia a cada temporada, até levar a seu cancelamento.

A partir da segunda temporada, Ultimate Homem-Aranha passaria a ser exibido num bloco chamado Marvel Universe, junto com duas outras séries, uma delas a nova série animada dos Vingadores, Os Vingadores Unidos (Avangers Assemble). Criada pela Man of Action e produzida pela Marvel Animation, a série era baseada no filme do MCU, trazendo quase a mesma equipe: Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk, Viúva Negra, Gavião Arqueiro e Falcão - com a série já começando com a equipe plenamente estabelecida, e muitas das histórias tendo como mote o fato de que o Falcão é o mais novo membro. A série combinaria animação tradicional e computação gráfica, e teria um total de 127 episódios, divididos em 5 temporadas, exibidas no Disney XD entre 26 de maio de 2013 e 24 de fevereiro de 2019.

Na primeira temporada, o vilão principal é o Caveira Vermelha, que bola um plano para sequestrar o Capitão América e transferir sua mente para o corpo do herói. Na segunda, é a vez de Thanos, que está buscando as joias do infinito, uma delas em poder do Caveira; uma trama paralela coloca os Vingadores contra o Esquadrão Supremo, uma equipe de super-heróis alienígenas que planeja substituir os Vingadores como Maiores Heróis da Terra. Na segunda temporada, o Homem-Formiga se torna o mais novo membro da equipe dos Vingadores.

A terceira temporada teria o subtítulo de Ultron Revolution, e teria como vilão principal, evidentemente, Ultron, que utiliza a tecnologia da IMA para tentar substituir toda a população humana por robôs; quando Ultron ataca os Inumanos, Kamala Khan ganha seus poderes, se tornando a nova Miss Marvel e a mais nova membro dos Vingadores. Uma subtrama envolve o segundo Barão Zemo, filho do original, querendo criar seu próprio soro do supersoldado para se vingar do Capitão América, em sua visão responsável pela morte de seu pai, e funda os Mestres do Terror para combater os Vingadores. Essa temporada também conta com os Thunderbolts, que são os Mestres do Terror fingindo ser heróis para desacreditar os Vingadores, e, perto do final, os Vingadores têm de enfrentar Kang, que vem do futuro para se vingar do Homem de Ferro.

Kang é o vilão principal da quarta temporada, que teria o subtítulo de Secret Wars, na qual a equipe principal dos Vingadores (a do início da primeira temporada) fica presa em outra dimensão, e o Pantera Negra reúne uma equipe formada por Homem-Formiga, Miss Marvel, Capitã Marvel, Visão e Vespa para salvá-los; outros vilões de importância nessa temporada são o Líder e Loki. Finalmente, a quinta temporada teria o subtítulo de Black Panther's Quest; nela, os personagens principais são o Pantera Negra e Shuri, que tentam impedir o Conselho das Sombras de conquistar Wakanda. Os Vingadores Unidos também contaria com seis micro-episódios, cada um deles protagonizado por um dos Vingadores da equipe do Pantera Negra, exibidos entre a terceira e a quarta temporada. Esses curtas estão disponíveis no Disney+ com o nome de Os Vingadores da Marvel: Guerras Secretas.

A terceira série do bloco Marvel Universe seria Hulk e os Agentes da S.M.A.S.H. (Hulk and the Agents of S.M.A.S.H.), que teria 52 episódios divididos em duas temporadas, exibidos no Disney XD entre 11 de agosto de 2013 e 28 de junho de 2015. Mais uma parceria da Marvel Animation com a Film Roman, a série era um bizarro reality show criado pro Rick Jones para que a população em geral passasse a ver o Hulk como um super-herói ao invés de um monstro; em cada episódio, as aventuras do Hulk, que é nomeado chefe da equipe Suprema Militar Agência de Super Humanos (S.M.A.S.H.), que conta com o Hulk Vermelho, a Mulher-Hulk, Skaar e o Bomba-A, são filmadas por câmera voadoras e transmitidas ao vivo pela TV. Hulk e os Agentes da S.M.A.S.H. tem um tom mais cômico que o usual para uma série animada da Marvel, com diversas piadas em cada episódio.

Na primeira temporada, o vilão principal é o Líder, que quer roubar a força do Hulk, e sabe o segredo da origem de Skaar (que é filho do Hulk). Na segunda, a coisa fica mais séria, e os Agentes da S.M.A.S.H. têm de enfrentar os Kree e os Skrulls, além de receberem a culpa por um atentado do Líder, o que faz com que a SHIELD os declare foras-de-lei e passe a caçá-los. Criada por Paul Dini e Henry Gilroy, a série mais uma vez seria considerada muito infantil e não teria boa audiência, com a Disney decidindo cancelá-la enquanto a segunda temporada estava no ar.

Em 2014, estrearia mais um anime da Marvel, Marvel Disk Wars: The Avengers. Produzido em parceria entre a Marvel Animation, a Toei e a Disney do Japão, o desenho tinha uma história insólita: com a ajuda do cientista japonês Dr. Nozomu Akatsuki, Tony Stark cria um dispositivo chamado Kit de Segurança de Identidade Digital (DISK, da sigla em inglês), que pode ser usado para aprisionar vilões, poupando espaço em prisões - basicamente, uma Pokébola onde os vilões ficariam presos até alguém decidir libertá-los. Durante a apresentação do dispositivo, entretanto, Loki ataca a Balsa, a prisão onde os DISKs serão testados, e cinco heróis acabam presos dentro dos DISKS: Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk e Vespa. Na confusão, Loki rouba os DISKs que já tinham vilões dentro, e passa a usá-los em ataques ao redor do mundo.

Mas nem tudo está perdido: cinco crianças, dentre elas os dois filhos do Dr. Akatsuki, durante o ataque de Loki, foram pegas na explosão do dispositivo que transfere as pessoas para dentro dos DISKs. Com isso, cada uma delas ganhou um Bio-Code, o que possibilita que, usando um processo chamado D-Smash, elas possam libertar os heróis, mas apenas temporariamente - os DISKs dos heróis foram corrompidos durante a explosão, o que faz com que cada um deles só possa ficar fora do disco durante 5 minutos e meio, antes de ser transportado novamente lá pra dentro. Juntos, os cinco passam a também viajar pelo mundo, seguindo os passos de Loki e usando os DISKs dos heróis para frustrar os planos do deus da trapaça e recuperar os DISKs que têm os outros vilões, enquanto buscam uma forma de libertar os heróis definitivamente.

Como era de se esperar, essa história singular tinha um propósito: Marvel Disk Wars: The Avengers foi pensado para ser um produto associado a um brinquedo da Bandai, chamado Bachicombat, e que funcionava mais ou menos como um jogo de tazo. O Bachicombat teve várias expansões, algumas com diversos personagens Marvel, outras com personagens de anime variados, mas o único desenho relacionado ao brinquedo foi mesmo esse - não consegui descobrir se havia planos de fazer outros desenhos, ou se desde o início era pra ser só esse mesmo. Além do jogo físico, o Bachicombat ganharia uma versão virtual, Marvel Disk Wars: The Avengers - Ultimate Heroes, lançado para o Nintendo 3DS pela Bandai Namco Games em novembro de 2014.

Marvel Disk Wars: The Avengers teve 51 episódios, originalmente exibidos entre 2 de abril de 2014 e 25 de março de 2015 na TV Tokyo. Em 6 de julho de 2015, ele estrearia no Disney XD em vários países do sudeste asiático e no Disney Channel nas Filipinas e em Taiwan, e, em 16 de março de 2020, estrearia dublado em inglês na Índia, no canal Marvel HQ. Até onde eu saiba, nunca foi exibido no Brasil, e, apesar de a Wikipédia dizer que o desenho foi exibido no Disney XD dos Estados Unidos, eu não consegui descobrir se foi mesmo, nem em que época.

Quem assumiu o lugar de Hulk e os Agentes da S.M.A.S.H. no Marvel Universe após seu cancelamento foi Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy), que trazia a mesma equipe do primeiro filme (Senhor das Estrelas, Gamora, Drax, Rocket e Groot), mas não era ambientado no MCU, nem sua história tinha nada a ver com a dos filmes. Na primeira temporada, por exemplo, os Guardiões encontrariam o Cripto Cubo Spartaxiano, um mapa com a localização da Semente Cósmica, artefato capaz de criar um novo universo, e devem encontrá-la e destruí-la antes que ela caia nas mãos de Thanos, que reúne uma equipe formada por Ronan, Nebulosa, Korath e J'Son (o pai de Peter Quill) para perseguir os Guardiões e roubar o Cubo. Paralelamente a isso, os piratas liderados por Yondu também tentam encontrar a Semente, mas para vendê-la.

Antes de estrear em sua própria série, os Guardiões da Galáxia fariam participações especiais em Ultimate Homem-Aranha e Vingadores Unidos, para testar o interesse do público. A série animada seria anunciada pela Disney antes mesmo do filme, mas estrearia no Disney XD um ano depois. Totalmente produzida pela Marvel Animation, ela teria um total de três temporadas, somando 79 episódios, exibidos entre 5 de setembro de 2015 e 9 de junho de 2019. Assim como Os Vingadores, antes da primeira temporada seriam exibidos cinco curtas, que estreariam entre 1 e 29 de agosto, cada um contando as origens de um dos membros da equipe; para as reprises, esses cinco curtas seriam condensados e se tornariam o novo primeiro episódio da primeira temporada. Uma nova leva de 6 curtas seria exibida entre a primeira e a segunda temporadas, e depois condensada em um novo primeiro episódio da segunda temporada.

Na segunda temporada, os Guardiões encontram Adam Warlock e tentam guiá-lo para que ele se torne um herói, mas J'Son decide corrompê-lo para que ele se torne o vilão Magus. Os guardiões contam com a ajuda de Nova, e se aliam temporariamente aos Vingadores para enfrentar o Alto Evolucionário. A terceira temporada teria o subtítulo Mission Breakout, para fazer propaganda de um brinquedo dos Guardiões de mesmo nome, inaugurado no Walt Disney World em 2017. Nela, o Colecionador obriga Howard, o Pato, a incriminar os Guardiões pelo roubo de um artefato Kree, o que faz com que Phyla-Vell passe a persegui-los para recuperá-lo. Uma subtrama coloca os Guardiões em confronto contra os asgardianos, liderados pelo Serpente, que planeja substituir os membros do Conselho Galáctico por clones e dominar o universo. Guardiões da Galáxia seria considerada pela crítica especializada como a melhor série animada da história da Marvel, mas sua audiência jamais agradaria à Disney, que preferiria cancelá-la após a terceira temporada.

Em 2017, estrearia mais uma série feita em parceria entre a Marvel e a Madhouse, Marvel Future Avengers, na qual quatro adolescentes manipulados geneticamente - Makoto, com o poder de manipulação do ar, Adi, com o poder de controlar qualquer tecnologia, o ciborgue Bruno e a metamorfa Chloe - foram treinados pela Hydra, que os enganou dizendo que os Vingadores eram vilões, e os quatro seriam os heróis que iriam derrotá-los. Após sua primeira missão, entretanto, Makoto, Adi e Chloe percebem que foram ludibriados, e, com a ajuda dos Vingadores, escapam da Hydra e passam a treinar para ser os Futuros Vingadores. Sua principal missão é descobrir o que seria o Projeto Chuva Esmeralda, uma colaboração entre a Hydra e os Mestres do Terror, com Bruno se unindo aos Mestres e enfrentando seus antigos amigos. Bruno muda de lado e se une aos Futuros Vingadores na segunda temporada, na qual uma bomba terrígena faz com que várias pessoas ganhem superpoderes. Raio Negro oferece asilo para elas em Attilan, mas o aumento da tensão pode fazer com que humanos e Inumanos entrem em guerra, com os Futuros Vingadores tendo de descobrir uma forma de evitar o conflito.

A primeira temporada de Marvel Future Avengers teria 26 episódios e a segunda 13, para um total de 39, exibidos entre 22 de julho de 2017 e 22 de outubro de 2018. Sua estreia seria no canal a cabo japonês Dlife (se pronuncia "di-láif"), e ainda em 2017 ele estrearia no Sudeste Asiático, no Disney XD. Nos Estados Unidos, ele estrearia apenas em fevereiro de 2020, no Disney+; até a última vez que eu olhei, não estava disponível no Brasil.

Para fechar a década, mais uma série do Homem-Aranha, chamada, simplesmente, Homem-Aranha (Spider-Man). A história começa do começo de novo, com Peter adolescente ganhando seus poderes e passando a enfrentar supervilões após a morte de seu tio Ben, mas agora ele é aluno da Horizon High, escola para jovens de intelecto superior dirigida por Max Modell. Aliados do Homem-Aranha incluem Gwen Stacy, Miles Morales, Anya Corazon e Harry Osborn; os principais vilões da primeira temporada são Norman Osborn e o Chacal. A série é ambientada no mesmo universo que Guardiões da Galáxia, com alguns personagens fazendo participações especiais naquela, mas, como isso seria impossível por causa de Ultimate Homem-Aranha, não o é no mesmo que Vingadores Unidos e Hulk e os Agentes da S.M.A.S.H. - o Homem de Ferro, a Viúva Negra e o Hulk fazem participações especiais em Homem-Aranha, mas em versões diferentes desses outros desenhos.

A segunda temporada é ambientada cerca de um ano após a primeira, e nela Peter arruma seu emprego no Clarim Diário, Anya e Gwen ganham poderes de aranha, e as duas mais Peter e Miles formam uma espécie de "equipe aranha". A segunda temporada também traz uma adaptação da saga Homem-Aranha Superior, na qual o Dr. Octopus troca de corpo com Peter e passa a fingir ser o Homem-Aranha. Já a terceira temporada tem o subtítulo de Maximum Venom, é ambientada duas semanas após a segunda, e tem suas histórias centradas nos simbiontes, especialmente Venom e Carnificina; os episódios da terceira temporada têm 44 minutos cada, ao invés dos 22 minutos dos das duas primeiras. Mais uma vez, a série começaria com seis curtas, exibidos um por dia entre 24 e 29 de julho de 2017, que, para as reprises, seriam condensados em um único episódio, que passaria a ser o novo primeiro da primeira temporada.

Homem-Aranha substituiria Ultimate Homem-Aranha no bloco Marvel Universe - que seria definitivamente encerrado após o final de Guardiões da Galáxia. Suas três temporadas somariam 58 episódios - 26 na primeira, 26 na segunda, apenas 6 na terceira - exibidos no Disney XD entre 19 de agosto de 2017 e 25 de outubro de 2020. Seria o último desenho produzido antes de a Disney decidir também centralizar a produção dos desenhos Marvel, visando, principalmente, o Disney+ - e o penúltimo produzido pela Marvel Animation, que teria suas atividades encerradas após a primeira temporada de Spidey e Seus Amigos Espetaculares, em 2022.

Desenhos Marvel

Década de 2010

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segunda-feira, 24 de março de 2014

Escrito por em 24.3.14 com 0 comentários

Desenhos Marvel (III)

Há coisa de um ano, fui fazer um post sobre o desenho The Marvel Super Heroes, me empolguei, e acabei falando sobre todos os desenhos com heróis Marvel produzidos nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Mais tarde, como alguns dos desenhos com heróis Marvel da década de 1990 estão dentre os meus preferidos, resolvi fazer uma segunda parte falando sobre esses também. Embora eu também goste de alguns dos produzidos na década de 2000, não havia me empolgado o suficiente para uma terceira parte, de modo que a série tinha acabado por ali.

Até agora. Não sei se foi porque já se passou um ano e meu subconsciente disparou algum alarme, mas outro dia eu me peguei pensando que poderia fazer um terceiro post falando sobre os desenhos Marvel da década de 2000 - que, afinal, também são legais, e nem são tantos assim. Diante disso, ei-lo!

A década de 2000 começaria como a de 1990: com um desenho dos X-Men. Chamado X-Men Evolution, ele seria uma parceria da Marvel não com a Fox, mas, curiosamente, com a Warner (dona da DC, rival da Marvel), e teria dois propósitos: aproveitar a popularidade trazida pelo filme dos X-Men, lançado no mesmo ano, e apelar ao público infanto-juvenil. Por causa disso, diferentemente do desenho da Fox, que trazia uma equipe adulta, em X-Men Evolution quase todos os X-Men eram adolescentes.

A série seria criada por Robert N. Skir e Marty Isenberg, que queriam trazer de volta o clima das histórias originais dos X-Men, lá da década de 1960, na qual eles eram adolescentes ainda tentando controlar seus poderes. Por causa disso, no início, X-Men Evolution é ambientado em um mundo no qual os mutantes ainda não são de conhecimento público, e se escondem em meio às pessoas normais. Nesse cenário, os X-Men são os alunos do Professor Charles Xavier, ele mesmo um mutante, que deseja ensiná-los a controlar seus poderes e usá-los para o bem da humanidade. Além de estudarem sob a tutela de Xavier, os X-Men também frequentam uma escola regular, e possuem atividades próprias de todo adolescente, como praticar esportes e passear no shopping.

No início da série, a equipe dos X-Men é composta apenas por Tempestade, Wolverine (que não são adolescentes e também atuam como professores), Ciclope e Jean Grey. Nos primeiros episódios, Noturno, Kitty Pride, Spyke (um personagem novo criado especialmente para a série, sobrinho de tempestade e com o poder de criar protusões ósseas de seu corpo) e Vampira também se unem à equipe. Vampira, aliás, é uma espécie de vira-casaca, já que, antes de se unir aos X-Men, fazia parte da "equipe rival", a Irmandade, um grupo de mutantes com poderes bizarros que acredita não ter lugar na sociedade, e acha que a história de que os X-Men têm de se integrar a ela e protegê-la é uma grande besteira. A Irmandade é liderada secretamente por Magneto - que só se revela como seu líder no último episódio da primeira temporada - e abertamente por Mística - que, sem que ninguém saiba, também é a diretora da escola regular onde estudam os X-Men. Seus outros membros são Grouxo, Avalanche, Blob e Mercúrio.

O sucesso da primeira temporada daria origem a uma segunda, que traria muitos outros mutantes dos quadrinhos para a série, como o Fera, que se tornaria mais um professor; a Feiticeira Escarlate, que também se uniria à Irmandade; e até mesmo uma versão da equipe Novos Mutantes. A partir do final da segunda temporada, o desenho começaria a ficar mais sério, com os mutantes sendo revelados ao público em geral, que os trataria com desconfiança e preconceito. Na terceira temporada, portanto, os episódios trariam histórias mais ao estilo tradicional dos X-Men, que têm de proteger uma sociedade que os odeia. Aparentemente isso não agradou muito ao público, já que a audiência começou a cair; ainda assim, seria produzida uma quarta temporada, de apenas nove episódios, na qual o vilão principal era não Magneto, mas Apocalipse. A quarta temporada termina com um final de certa forma aberto, que pode anteceder um futuro sombrio caso os X-Men não triunfem.

No geral, X-Men Evolution seria extremamente bem sucedida, e se tornaria a terceira série animada mais longa da Marvel, com um total de quatro temporadas e 52 episódios (ficando atrás dos desenhos da Fox do Homem-Aranha, que teve 65 episódios, e dos X-Men, que teve 76, ambos com 5 temporadas cada), exibidos no canal Kid's WB entre 4 de novembro de 2000 e 25 de outubro de 2003. Um de seus maiores méritos foi o grande número de referências à cultura pop - um dos programas criados por Wolverine para a Sala de Perigo, por exemplo, se chamava Logan's Run, mesmo nome de um filme de ficção científica cult da década de 1970 - e aos próprios quadrinhos Marvel - Kitty Pride tem um dragão roxo de pelúcia e o prédio do Clarim Diário faz parte da paisagem de Nova Iorque, dentre outras. Outro de seus méritos foi introduzir um personagem novo que fez tanto sucesso que acabou migrando para os quadrinhos, justamente como a Estrela de Fogo de Homem-Aranha e Seus Amigos. Não, não foi Spyke, para quem aparentemente ninguém ligou muito, e sim a menina X-23, um clone de Wolverine adolescente e do sexo oposto, criada a partir de uma amostra danificada do DNA do mutante para ressucitar o programa Arma X. X-23 é hoje uma das principais personagens dos X-Men, e possui, inclusive, sua própria revista.

O desenho seguinte também teria a ver com um filme, e seria uma produção bastante curiosa. Spider-Man: The New Animated Series (exibido aqui simplesmente como Homem-Aranha) foi encomendado pela Mtv, e foi o primeiro desenho Marvel totalmente feito por computação gráfica. Mas a curiosidade ficou por conta do fato de que, originalmente, ele seria uma adaptação da revista Ultimate Spider-Man, acompanhando as aventuras do Homem-Aranha do Universo Ultimate, tanto que Brian Michael Bendis, que escrevia a revista, foi chamado para ser o produtor do desenho; porém, com o sucesso do filme do Homem-Aranha, lançado em 2002, a Sony, que detinha os direitos do personagem para cinema e TV, mudaria de ideia, e decidiria fazer do desenho uma continuação direta do filme.

Assim, o desenho acompanha Peter Parker (que tem a voz de Neil Patrick Harris, de How I Met Your Mother), Mary Jane Watson (voz da cantora Lisa Loeb) e Harry Osborn (Ian Ziering, de Barrados no Baile) retomando suas vidas logo após o ataque do Duende Verde e a morte de Norman Osborn. Peter tenta retomar seu romance com Mary Jane sem sucesso, principalmente por causa de suas atividades como Homem-Aranha, e Harry tenta a todo custo se vingar do aracnídeo, achando que ele foi o responsável pela morte de seu pai. Vários vilões famosos do Aranha, como o Lagarto, Kraven, Electro e o Rei do Crime, fizeram participações, alguns com adaptações - Electro, por exemplo, é um colega de Peter na universidade - mas a maioria dos episódios tem vilões novos, criados especialmente para a série. Um fato curiosíssimo sobre esse desenho é que não existe Tia May - segundo a Mtv, "a presença de um idoso na série poderia afastar o público-alvo".

O desenho teve apenas uma temporada de 13 episódios, exibidos entre 11 de julho e 10 de outubro de 2003. A audiência foi boa e as críticas foram favoráveis, mas a Mtv não ficou satisfeita, e acabou não renovando o contrato para uma segunda temporada. Como os custos de produção eram altos, a Sony optaria por não oferecê-lo a outro canal.

Depois de X-Men Evolution e do Homem-Aranha da Mtv, a Marvel ficaria três anos sem licenciar um desenho, voltando em 2006 com Quarteto Fantástico: Os Maiores Heróis da Terra (Fantastic Four: World's Greatest Heroes no original). Mais uma vez, o desenho sofreria grande influência do filme, lançado em 2005 - Alicia Masters, por exemplo, é negra no desenho como no filme, embora nos quadrinhos seja branca - mas, dessa vez, desenho e filme não têm uma relação direta, com os eventos do filme não sendo levados em conta nos episódios do desenho. Curiosamente, porém, o desenho já começa tendo o Quarteto Fantástico como um grupo de heróis já estabelecido, sem que haja um "episódio de origem" - a origem dos poderes do grupo é contada apenas em uma narração durante a abertura.

Ao todo, o desenho teve 26 episódios. Os 13 primeiros seguem o mesmo arco de história, com o Dr. Destino tentando controlar o poder da Zona Negativa em proveito próprio, enquanto os heróis tentam detê-lo. A segunda metade da série é composta de episódios soltos nos quais o Quarteto enfrenta vilões variados, como o Homem-Toupeira, o Mestre dos Bonecos e os Skrulls. Embora façam referências a diversas histórias dos quadrinhos, os episódios não são baseados diretamente nelas, tomando várias liberdades criativas.

Produzido pela Fox, o desenho seria originalmente exibido pelo Cartoon Network, e um dos motivos que o levaram a só ter uma temporada foi a enorme bagunça que o canal faria na hora da exibição: estreando no bloco Toonami em 2 de setembro de 2006, o desenho teria apenas os oito primeiros episódios exibidos antes de ser tirado do ar sem qualquer explicação. Ele retornaria em 9 de junho de 2007, pouco antes da estreia do filme Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, mas, além da reprise dos oito primeiros, apenas os nove seguintes seriam exibidos antes de sair do ar de novo. No final de 2007, o desenho estrearia no canal Boomerang, mas apenas os 17 episódios exibidos no Cartoon Network seriam reprisados. Os nove episódios restantes só iriam ao ar quando a Fox desistisse do Cartoon e negociasse o desenho com a Nickelodeon, que finalmente exibiria a série completa no canal Nicktoons Network, entre julho e dezembro de 2009 - um ano depois da série completa já ter sido até lançada em DVD.

Quando acontecem bagunças desse tipo, é normal tentar retornar ao modelo vencedor. Marvel e Sony, portanto, decidiriam investir em um desenho do Homem-Aranha no mesmo estilo de X-Men Evolution, com personagens adolescentes frequentando a escola. Chamado O Espetacular Homem-Aranha (The Spectacular Spider-Man), esse desenho condensaria vários fatos da carreira do herói, fazendo com que todos ocorressem durante sua adolescência, ao invés de ao longo de sua vida - Gwen Stacy e Mary Jane, por exemplo, são ambas colegas de Peter na escola. Peter acabou de ganhar seus poderes e perder seu tio, e tem de conciliar os estudos com a carreira de fotógrafo, que iniciou para ganhar um dinheirinho extra e ajudar sua tia; um estágio no laboratório da Empire State University, trabalhando ao lado do Dr. Connors; e, é claro, suas aventuras como Homem-Aranha - cujos problemas parecem ser todos causados por um misterioso homem que, com a ajuda de Norman Osborn e Otto Octavius, planeja criar um exército de supervilões para dominar o crime da cidade. Esses supervilões, desnecessário dizer, são os tradicionais das histórias do Aranha.

O desenho estrearia no canal The CW em 8 de março de 2008; sua primeira temporada, de 13 episódios, fez grande sucesso de público e crítica, e uma segunda temporada foi confirmada antes mesmo da primeira terminar. Aí, entretanto, começaram a acontecer coisas estranhas: primeiro, a segunda temporada, de mais 13 episódios, estrearia não no CW, mas no Disney XD. Antes de seu término, em 31 de agosto de 2009, a Disney anunciaria estar comprando a Marvel - parece até que a mudança de canal foi um prenúncio do que estava por vir. No dia seguinte, a Sony, não se sabe se por vontade própria ou pressionada, optaria por devolver todos os direitos de televisão do Homem-Aranha para a Marvel, mantendo apenas os de cinema. Como os direitos do desenho ainda pertenciam à Sony, mas os direitos dos personagens agora pertenciam à Disney (que passou a ser dona da Marvel), os produtores ficaram em um beco sem saída, incapazes de produzir uma terceira temporada. Assim, mesmo com boa audiência e críticas extremamente favoráveis - alguns críticos chegariam a considerá-lo a melhor representação do Aranha fora dos quadrinhos, e o segundo melhor desenho de super-heróis de todos os tempos, atrás apenas do Batman de Bruce Timm e Paul Dini - o desenho encerraria sua carreira televisiva com apenas 26 episódios, o último exibido em 18 de novembro de 2009.

Antes de a Marvel ser comprada pela Disney, outros dois desenhos seriam lançados. O primeiro seria Wolverine e os X-Men, produzido pela própria Marvel e exibido no Nicktoons Network, entre 23 de janeiro e 29 de novembro de 2009, para um total de 26 episódios. Não relacionado a X-Men Evolution, o desenho traz os X-Men novamente adultos (exceto Kitty Pride) e parte de uma premissa curiosa: após um ataque à Escola Xavier, o Professor X e Jean Grey desaparecem, e os X-Men, desiludidos com a destruição de seu lar e desaparecimento de seu mentor, se separam e vão viver suas vidas em cantos diferentes do planeta. Um ano depois, uma agência governamental chamada MRD começa a capturar, registrar e isolar mutantes, o que leva Wolverine e Fera a se unir e a tentar formar uma nova equipe de X-Men para localizar o Professor X e deter a MRD. Essa equipe, inicialmente formada por Wolverine, Fera, Ciclope, Emma Frost, Kitty Pride, Homem de Gelo, Tempestade, Anjo e Noturno, começa, então, a combater a MRD enquanto busca reunir o maior número de ex-X-Men (?) possível. Em dado momento, eles descobrem que não somente o presente, mas todo o futuro está em jogo, pois, se a equipe liderada por Wolverine fracassar, os Sentinelas assumirão as rédeas da MRD, condenando o planeta a uma era de escravidão.

Graças a uma maciça campanha de marketing da Nickelodeon, Wolverine e os X-Men teve uma audiência gigantesca, se tornando um dos mais assistidos desenhos da Marvel. A crítica também elogiaria bastante, considerando-o um dos melhores desenhos baseados nos personagens da editora. Satisfeita, a Marvel até usaria seu título para uma revista, de enredo semelhante, na qual Wolverine também lidera os X-Men.

Mas, se era tão bom assim, por que foi cancelado após apenas 26 episódios? Na verdade, esse é um assunto meio nebuloso. Uma segunda temporada até estava em planejamento, e o último episódio até acaba com um senhor cliffhanger, dando a entender que, embora tenham evitado a ascenção dos Sentinelas, os X-Men acabaram abrindo caminho para um futuro muito mais sombrio - a Era do Apocalipse, uma das mais famosas e populares sagas dos mutantes nos quadrinhos. Antes de começar a produção da segunda temporada, porém, tudo foi interrompido e a série foi cancelada. Somente em meados de 2010 a Marvel daria um motivo, e não foi um muito concreto: tudo o que foi divulgado foi que um dos "parceiros financeiros" da produção enfrentava "grandes dificuldades", e que, sem seu financiamento, não havia como a Marvel Animation dar prosseguimento à série. Apesar de protestos dos fãs, nada mais foi dito, e, até hoje, a segunda temporada não saiu do papel.

O segundo desenho lançado antes da compra da Marvel pela Disney seria mais um produzido sob encomenda após o sucesso de um filme. Iron Man: O Homem de Ferro (Iron Man: Armored Adventures no original) seguia o mesmo estilo de X-Men Evolution e O Espetacular Homem-Aranha, trazendo um Tony Stark adolescente - o que é bastante curioso, já que, nos quadrinhos, ele só inventou a armadura do Homem de Ferro depois de velho, e praticamente nada de sua adolescência é conhecido - que usa sua inteligência acima da média para inventar uma grande variedade de equipamentos tecnológicos, dentre eles a armadura do Homem de Ferro, buscando usá-los para encontrar seu pai, desaparecido após um misterioso acidente aéreo. A tecnologia criada por Tony, porém, atrai a atenção de vários vilões, a maior parte deles também de temática tecnológica, que visam adicionar suas invenções a seu arsenal de maldades, o que faz com que ele seja constantemente interrompido por eles em sua missão - ou tenha de interrompê-la para combatê-los e salvar inocentes. Finalmente, como todo adolescente, Tony frequenta a escola e passa por várias mudanças físicas e psicológicas, as quais tem de concliliar com sua carreira de herói. Felizmente, ele não está sozinho, contando com a ajuda de seus melhores amigos, James Rhodes e Pepper Potts, também adolescentes na série.

Assim como Wolverine e os X-Men, Iron Man foi produzido pela Marvel e exibido pela Nicktoons Network - e, assim como o Homem-Aranha da Mtv, era totalmente feito por computação gráfica. Ao todo, o desenho teve duas temporadas de 26 episódios cada, para um total de 52, com a primeira estreando em 24 de abril de 2009 e concluindo em 18 de janeiro de 2010. Nessa primeira temporada, Tony e seus amigos procuram, junto com Gene Khan (uma versão adolescente do Mandarim), por cinco anéis místicos de grande poder, que podem auxiliá-lo a desvendar o mistério do desaparecimento de seu pai. A primeira temporada seria um grande sucesso de público - seu episódio de estreia quebraria o recorde de audiência do Nicktoons - mas a crítica ficaria dividida, com alguns elogiando os roteiros e a arte, outros reclamando que Tony estava parecido demais com Peter Parker, e que apostar em um Homem de Ferro adolescente era um retrocesso em relação ao sucesso do filme, lançado no ano anterior. De qualquer forma, o sucesso junto ao público garantiria a produção da segunda temporada.

Graças à compra da Marvel pela Disney, porém, problemas de logística acabariam adiando essa produção, e a segunda temporada estrearia apenas mais de um ano após o final da primeira, em 13 de julho de 2011. A segunda temporada focaria mais na rivalidade entre Tony e Obadiah Stane, antigo sócio de seu pai e suspeito de tramar sua morte (e adulto também na série), e colocaria a vida do herói em perigo quando sua tecnologia seria roubada pelo vilão Fantasma e vendida para Stane e para o empresário Justin Hammer, que a usariam para construir suas próprias armaduras. Apesar da boa audiência, a segunda temporada não seria tão bem sucedida quanto a primeira, e, como a produção dos episódios era bastante cara, a Disney optaria por não produzir uma terceira, encerrando a série em 25 de julho de 2012.

E assim chegamos ao último desenho Marvel da década, Esquadrão de Heróis (The Super Hero Squad Show). Produzido em parceria pela Marvel, a Film Roman e a Ingenious Media, e exibido no Cartoon Network entre 14 de setembro de 2009 e 14 de outubro de 2011, esse desenho era inspirado em uma linha de brinquedos da Hasbro, chamada Marvel Super Hero Squad. Voltados para crianças pequenas, os brinquedos traziam os principais heróis e vilões Marvel com aparência de desenhos infantis e em versão super deformed - aquele estilo nos quais os personagens se parecem com adultos em miniatura, com cabeça, mãos e pés desproporcionalmente grandes.

Seguindo o mesmo estilo, o desenho é voltado para crianças pequenas - e não deixa de ser curioso que o primeiro desenho Marvel lançado após a empresa ser comprada pela Disney seja um justamente desse tipo - o que significa que não somente os personagens são bonitinhos e coloridos, mas também que as histórias têm um tom de comédia e galhofa. Nele, o Dr. Destino, que quer dominar o universo, reúne os principais vilões do mundo e forma uma equipe conhecida como Legião Letal, comandada por MODOK e pelo Abominável. Para combatê-los, o Homem de Ferro reúne os principais heróis, criando o Esquadrão de Heróis, cujos membros permanentes são ele, o Hulk, Wolverine, Thor, Falcão, o Surfista Prateado e Réptil - um novo personagem criado especialmente para o desenho, porque, aparentemente, todo desenho com uma equipe de heróis Marvel tem de ter um criado especialmente para ele - tendo como "membros associados" o Capitão América e Miss Marvel.

Na primeira temporada, de 26 episódios, o objetivo da Legião Letal é reunir fractais que se espalharam pela cidade durante a última luta do Dr. Destino contra o Homem de Ferro, que, se reunidos, formarão a Espada Infinita, que dará ao Dr. Destino o poder necessário para dominar o universo. Vários vilões famosos se envolvem nessa busca, como o Homem-Toupeira, a Gangue da Demolição, o Fanático, Garra Sônica, Dormammu, Loki, os Skrulls e mutantes como Magneto e Mística. Por sua vez, o Esquadrão de Heróis não os enfrenta sozinhos, contando com a ajuda de vários X-Men, do Quarteto Fantástico, dos Heróis de Aluguel e de alguns Vingadores, como a Vespa, a Viúva Negra e o Homem-Formiga - infelizmente, o Homem-Aranha ficaria de fora, por decisão da Sony. A comédia é onipresente - a boca do Homem de Ferro se mexe quando ele fala, Hulk é infantilizado e tem problemas para controlar sua agressividade, e o Surfista Prateado age e fala como um estereótipo de surfista, por exemplo. Um dos melhores episódios é o no qual Wolverine decide deixar o Esquadrão de Heróis e é convidado pelo Capitão América a se unir ao Esquadrão de Capitães como Capitão Canadá - atuando ao lado de Capitão Britânia, Capitão Austrália, do anãozinho Capitão Liechtenstein e da Capitã Brasil.

Na segunda temporada, o vilão principal é Thanos, que busca as Joias do Infinito para - adivinhem - dominar o universo. O Surfista Prateado decide se unir a Galactus, e é substituído no Esquadrão de Heróis pela Feiticeira Escarlate - decisão tomada após as críticas de que o Esquadrão não tinha nenhum membro permanente feminino. O Esquadrão de Heróis viaja por vários locais famosos do Universo Marvel para impedir Thanos de alcançar seu objetivo, interagindo com "personagens cósmicos" como Adam Warlock e Nebula. A segunda temporada seria mais uma vítima da confusão de horários do Cartoon Network, que exibiu 14 dos 26 episódios antes de tirar a série do ar, disponibilizando os restantes para vendas no iTunes. Após protestos dos fãs, o canal anunciou que a série retornaria, mas, seis meses depois de tirá-la do ar, exibiu um único novo episódio e a tirou do ar novamente. Somente após mais três meses é que os 11 episódios restantes seriam exibidos. Irritada, a Marvel tiraria do Cartoon Network os direitos de exibição, impedindo-o de exibir reprises. Diante disso, a Marvel também optaria por não produzir uma terceira temporada, decidindo investir em novas séries. O que foi uma pena, pois, além de bastante divertido, o Esquadrão de Heróis já estava se tornando uma espécie de franquia da Marvel, com revistas em quadrinhos e games de igual sucesso.

E aqui chegamos ao final de mais um post sobre os desenhos da Marvel. Como a década de 2010 ainda nem chegou à metade, é pouco provável que eu faça mais um. Mas não é bom afirmar com certeza categórica. Vai que vem uma vontade.

Série Desenhos Marvel

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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Escrito por em 17.6.13 com 0 comentários

Desenhos Marvel (II)

Há algum tempo, eu fui fazer um post sobre o desenho The Marvel Super Heroes, me empolguei e acabei falando sobre todos os desenhos dos heróis Marvel produzidos nas décadas de 1960, 1970 e 1980. E, sinceramente, só parei por aí porque os produzidos na década de 1990 eram muitos, e o post já estava muito grande.

Mas era quase certo que eu iria fazer uma continuação, e por um motivo muito simples: os desenhos Marvel da década de 1990 são meus preferidos. Eu adorava Homem-Aranha e Seus Amigos quando era criança, mas os desenhos da década de 1990 passavam quando eu era adolescente e minha paixão por super-heróis estava em seu auge. Acho até que, se até hoje eu gosto mais da Marvel que da DC, esses desenhos estão dentre os culpados.

Assim, peço licença para retornar ao assunto e fazer uma segunda parte do post sobre os Desenhos Marvel, abordando os produzidos na década de 1990! Não prometo que farei mais uma com os produzidos a partir de 2000, mas, em se tratando do átomo, nunca se sabe.

O primeiro desenho Marvel da década de 1990 foi o dos X-Men. A Marvel Productions, estúdio de animação sucessor da DePatie-Freleng Enterprises e responsável pelos desenhos Marvel da década de 1980, já havia tentado produzir um desenho dos X-Men em 1989, mas acabou conseguindo produzir só o piloto antes que dificuldades financeiras fizessem com que ela tivesse de fechar as portas. Esse piloto, chamado Pryde of the X-Men, teria como protagonista Kitty Pryde, mais recente membro de uma equipe que já contava com Ciclope, Colossus, Noturno, Cristal, Tempestade e Wolverine, que tem de impedir Magneto e a Irmandade de Mutantes, cujo pouco ambicioso plano é fazer um cometa colidir com a Terra.

Como já estava pronto mesmo, Pryde of the X-Men seria exibido algumas vezes como parte do programa Marvel Action Hour, que estreou em 1988 e trazia também reprises do desenho do Homem-Aranha de 1981 e de Homem-Aranha e Seus Amigos, além de Dino-Riders e do desenho do Robocop. Pryde of the X-Men também ficaria famoso por dar origem ao jogo de arcades dos X-Men produzido pela Konami (aquele que permitia até 6 jogadores simultâneos), mas a série da qual ele seria o piloto jamais seria produzida, com a Marvel recomeçando do zero quando tivesse uma nova oportunidade de produzir um desenho dos X-Men.

Essa oportunidade viria em 1992, graças à diretora do canal Fox, Margaret Loesch. Quando a Marvel Productions anunciou que não daria continuidade a Pryde of the X-Men, Loesch tentou de várias formas convencê-la do contrário, mas não conseguiu um contrato que permitisse ao estúdio superar suas dificuldades financeiras e prosseguir com a produção. Loesch, entretanto, não desistiria, e, naquele ano, conseguiria finalmente um arranjo para a produção de 13 episódios de um novo desenho dos X-Men: a Marvel cederia os personagens e as histórias e a Fox exibiria o desenho, produzido e distribuído pela Saban, produtora dos Power Rangers, e animado pelo estúdio sul-coreano AKOM, responsável por desenhos da Warner como Tiny Toons e Animaniacs.

Loesch planejava exibir o primeiro episódio do novo desenho em setembro, mas atrasos na produção do piloto, A Noite dos Sentinelas, fariam com que ele só pudesse estrear em 31 de outubro de 1992. Além dos atrasos, a AKOM cometeu vários erros ao animar o desenho, e se recusou a corrigi-los, alegando que seguiu ao pé da letra as informações da Saban e da Marvel. Irritada, e não querendo adiar ainda mais a estreia, a Fox dividiu o piloto em dois, exibindo esses dois primeiros episódios como um "preview", e ameaçou cancelar todos os contratos que tinha com a AKOM. Somente então o estúdio assumiu ter feito burrada e corrigiu os erros. A Fox reexibiria os episódios em janeiro de 1993, seguidos pelos demais 11 da temporada, já corretamente animados.

Quando Loesch costurou o acordo, planejava produzir a série da qual Pryde of the X-Men foi o piloto; a Marvel, porém, sabia que os tempos tinham mudado - Kitty Pryde, Cristal, Colossus e Noturno já não eram exatamente protagonistas nos quadrinhos - e decidiu fazer um desenho que tivesse como X-Men a equipe popularizada na década de 1990 por Jim Lee: Ciclope, Wolverine, Vampira, Tempestade, Fera, Gambit, Jean Grey e Jubileu, liderados pelo Professor X. O desenho traria versões das maiores histórias dos X-Men, como Dias de um Futuro Esquecido e a Saga da Fênix Negra, mas com adaptações para a época e a equipe que as viviam, além de referências às histórias clássicas - no episódio de estreia de Magneto, assim como em sua história de estreia nos quadrinhos, os X-Men o enfrentam em uma base de lançamento de mísseis. Dentre os vilões, os principais eram Magneto, Apocalipse, Mística, Dentes de Sabre, os Sentinelas e o Sr. Sinistro, com os secundários incluindo o Rei das Sombras, Ômega Vermelho, Henry Peter Gyrich, o Fanático, Sauron, Mojo, Espiral, Avalanche, Pyro e Blob. Alguns episódios contaram com participações especiais de outros personagens do universo dos X-Men, especialmente Bishop e Cable.

O desenho dos X-Men foi um grande sucesso de público e de crítica, principalmente por abordar temas espinhosos como divórcio, religiosidade, o Holocausto e até mesmo a Aids em seus episódios. As posturas de Xavier e Magneto em relação aos mutantes eram frequentemente comparadas às posturas de Martin Luther King Jr. e Malcolm X em relação aos direitos dos negros nos Estados Unidos. Hoje pouco se fala nisso, mas, na época, o desenho dos X-Men rivalizava com aquele do Batman produzido por Paul Dini e Bruce Timm em termos de audiência e elogios da crítica. Esse sucesso fez com que o desenho durasse nada menos que cinco temporadas, se tornando, até hoje, o desenho Marvel com o maior número de episódios, 76, o último tendo sido exibido em 20 de setembro de 1997.

O sucesso da primeira temporada dos X-Men também garantiu à Marvel uma extensão de seu contrato com a Saban para a produção de mais desenhos. Para melhor gerir essa nova produção, a Marvel criaria uma nova subsidiária, a Marvel Films, que mais tarde se tornaria a Marvel Studios, hoje responsável por filmes como Homem de Ferro e Os Vingadores.

A primeira produção da Marvel Films foi The Marvel Action Hour, um bloco de uma hora exibido desde o início em syndication - ou seja, passava desde a estreia em vários canais ao mesmo tempo, diferentemente de X-Men, que, originalmente, só passava na Fox. Cada "episódio" de The Marvel Action Hour começava com um episódio de um desenho do Homem de Ferro e terminava com um do Quarteto Fantástico. A estreia foi em 24 de setembro de 1994 e o encerramento em 24 de fevereiro de 1996, após duas temporadas e 26 episódios de cada desenho. Curiosamente, esses desenhos sofreriam de uma certa esquizofrenia, com a segunda temporada sendo totalmente diferente da primeira - no caso do Homem de Ferro, tão diferente que parece que são dois desenhos distintos. Isso aconteceu porque, insatisfeitas com a qualidade dos desenhos, que recebiam pesadas críticas tanto aos roteiros quanto à animação, Marvel e Saban demitiram o roteirista-chefe, Ron Friedman, substituindo-o por Tom Tataranowicz, e passaram a animação, a cargo da Rainbow Animation Group no caso do Homem de Ferro e da Wang Film Productions no caso do Quarteto Fantástico, para o estúdio sul-coreano Koko Enterprises, que, por um acaso, também tinha assumido os desenhos da Warner após mais uma besteira da AKOM. Talvez por causa dessas mudanças, depois do fim do bloco, nenhum dos dois desenhos se sustentou sozinho.

Em uma jogada de marketing, o Homem de Ferro foi escolhido, ao invés, por exemplo, do Homem-Aranha, por seu potencial para vender brinquedos - de fato, após o lançamento do desenho foi lançada uma extensa linha de brinquedos, cuja maioria era de variações da armadura do herói. Na primeira temporada, o desenho do Homem de Ferro seguia a fórmula de "grupo do bem versus grupo do mal" comum em desenhos dos anos 80 como He-Man e Thundercats: um arquivilão, o Mandarim, deseja roubar um artefato, a tecnologia da armadura do Homem de Ferro, que lhe permitirá dominar o mundo. Tony Stark, playboy bilionário responsável por criar a tal tecnologia, se transforma no Homem de Ferro para impedi-lo, e ambos os lados reunem grupos de colegas/capangas para facilitar sua tarefa: o Homem de Ferro lidera um grupo de heróis formado por Máquina de Combate, Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate, Century e a segunda Mulher-Aranha (a de uniforme preto; essa equipe não foi escolhida por acaso, sendo baseada na Força-Tarefa, equipe que o Homem de Ferro formou nos quadrinhos no início da década de 1990), enquanto o Mandarim tem como asseclas o Cavaleiro do Medo, Chicote Negro, Gárgula Cinzento, Nevasca, Ciclone e Hypnotia, todos meio incompetentes como os capangas de um vilão de desenho animado devem ser. A maior parte dos episódios consistia de histórias fechadas, nas quais o Mandarim enviava um ou mais capangas para fazer alguma maldade e o Homem de Ferro selecionava um ou mais heróis para ajudá-lo a detê-los. Em vários episódios, o Homem de Ferro usava armaduras diferentes, como uma armadura submarina ou uma que lhe permitia ir ao espaço sideral.

Já na segunda temporada os episódios seguiam um arco, e, assim como no desenho dos X-Men, temas adultos como fobias, alcoolismo e consequências de seus atos eram abordados. Os anéis do Mandarim foram espalhados pelo mundo, e ele passou de vilão a coadjuvante, aparecendo apenas quando procurava por eles. Os aliados do Homem de Ferro também passaram a aparecer cada vez menos, e ele passou a cuidar de seus problemas sozinho, ou, no máximo, com a ajuda da Mulher-Aranha e do Máquina de Combate, que, após desenvolver uma fobia de ficar preso dentro da armadura para sempre, aparecia mais como James Rhodes do que como o super-herói. Os principais vilões da segunda temporada eram Justin Hammer, MODOK e Fin Fang Foom, que planejava reunir um grupo de dragões para dominar o mundo.

Por sua vez, o desenho do Quarteto Fantástico seguia fielmente o enredo das histórias clássicas da década de 1960, como a da chegada de Galactus, a incursão de Namor ao mundo terrestre e a invasão dos Skrulls, com o principal vilão da série sendo o Dr. Destino. Friedman, porém, tentou tornar os desenhos mais cômicos e apropriados às crianças, inserindo mais piadas e criando uma nova personagem, uma senhoria britânica para o prédio onde morava o Quarteto, o que desagradou aos fãs e à crítica. No início de cada episódio, Stan Lee fazia uma breve introdução, explicando quem seriam os pewrsonagens daquele episódio e o que o teria inspirado a criá-los, o que era considerado chato e desnecessário pelos telespectadores.

Na segunda temporada essa introdução foi removida, o humor foi deixado de lado e o Dr. Destino apareceu menos, com a maior parte dos episódios contando com vilões como o Homem-Psíquico e o Mago e com a participação de heróis como os Inumanos, o Hulk e o Demolidor. Galactus também retornou, mas sem a companhia do Surfista Prateado, seu arauto na primeira temporada. No geral, as mudanças feitas para a segunda temporada não agradaram, e tanto o desenho do Quarteto Fantástico quanto o do Homem de Ferro tiveram péssimos índices de audiência, o que acabou levando ao cancelamento do bloco.

Enquanto produzia The Marvel Action Hour, a Marvel Films também produziu um novo desenho para a Fox, dessa vez estrelando o Homem-Aranha. Assim como o dos X-Men, ele era baseado nas maiores histórias do Aranha, e não tinha um vilão principal - quem mais se aproximava desse papel era o Rei do Crime. Na primeira temporada, cada episódio era uma história fechada, na qual o Homem-Aranha enfrentava um de seus vilões clássicos, como o Lagarto, o Escorpião, Dr. Octopus, Mysterio ou Morbius, com alguns sendo, no máximo, em duas partes, como o do Duende Macabro, ou em três, como o do Venom; curiosamente, Norman Osborn era um dos principais personagens, mas o Duende Verde só daria as caras na terceira temporada. A partir da segunda temporada, começaram a surgir os arcos de história, e vários outros heróis Marvel fizeram participações especiais em alguns episódios, como o Demolidor, Blade, Dr. Estranho, o Justiceiro, Capitão América e até mesmo o Homem de Ferro, o Quarteto Fantástico e os X-Men - a Quinta temporada, aliás, foi um grande arco de história recriando resumidamente a saga Guerras Secretas, com a Madame Teia escolhendo o Homem-Aranha para liderar uma equipe formada por Sr. Fantástico, Mulher Invisível, Tocha Humana, Coisa, Capitão América, Gata Negra, Homem de Ferro e Tempestade contra uma equipe de vilões liderada pelo Dr. Destino e formada por Dr. Octopus, o Lagarto, o Caveira Vermelha e Alistair Smythe. É interessante notar que, assim como no filme de Sam Raimi, o desenho não conta com Gwen Stacy, com o principal interesse amoroso de Peter Parker sendo Mary Jane.

Assim como o desenho dos X-Men, o do Homem-Aranha fez um grande sucesso e durou cinco temporadas, embora tenha tido menos episódios, 65, o primeiro sendo exibido em 19 de novembro de 1994 e o último em 31 de janeiro de 1998. A série, aliás, só seria cancelada porque o presidente da Marvel Films, Avi Arad, se desentenderia com Loesch, chegando a prometer jamais trabalhar com ela novamente - na quinta temporada, a audiência ainda era excelente, e até mesmo a popularidade dos quadrinhos do Homem-Aranha foi alavancada pela popularidade do desenho. Assim como o desenho do Homem de Ferro, o do Homem-Aranha também teve uma linha de brinquedos relacionada, que também fez grande sucesso.

Enquanto os desenhos do Homem-Aranha e dos X-Men ainda estavam no ar, a Saban conseguiu um novo contrato para a Marvel Films, para produzir um desenho para o canal UPN, de propriedade da Paramount. Após algumas negociações, ficaria decidido que esse desenho seria estrelado pelo Hulk. Esse seria o último desenho produzido pela Marvel Films, que, em meados de 1996, se transformaria na Marvel Studios.

O novo desenho do Hulk, que em inglês se chamava The Incredible Hulk, estrearia em 8 de setembro de 1996, e, assim como os desenhos do Quarteto Fantástico e do Homem de Ferro, sofreria de esquizofrenia. Na primeira temporada, de 13 episódios, Bruce Banner tenta, com a ajuda de seus amigos Betty Ross, Leonard Samson e Rick Jones, encontrar uma cura para a radiação gama que faz com que ele, quando nervoso, se transforme no Hulk (dublado por Lou Ferrigno, que interpretava o Hulk na série da década de 1970), enquanto foge de dois antagonistas: o General Thunderbolt Ross, pai de Betty, que considera o Hulk uma ameaça ao país e planeja usar o exército para destruí-lo, e o Líder, outra criatura criada pela radiação gama, mas que, ao invés de grande força, adquiriu grande inteligência, e que, com a ajuda de capangas também modificados pela radiação gama, como o Gárgula e o Abominável, planeja capturar o Hulk para extrair seu DNA e criar um exército que lhe permitirá dominar o mundo. Como de costume, o desenho contaria com a participação de outros heróis Marvel, como Thor, o Motoqueiro Fantasma, o Quarteto Fantástico, o Máquina de Combate e a Mulher-Hulk, que teria sua origem contada em um episódio de duas partes.

A primeira temporada seria considerada muito adulta e sombria pela UPN, que exigiria mudanças para a segunda - praticamente todos os episódios tinham um final triste, no qual Banner parecia estar ainda mais miserável do que quando o episódio começou. A pedido do canal, Samson e os mutantes criados pelo Líder foram removidos da série, Rick Jones e Betty Ross passaram a ter cada vez menos importância, o General Ross deixaria de ser um dos antagonistas, restando somente o Líder, e a Mulher-Hulk teria muito mais destaque, tanto que o nome do desenho seria alterado para The Incredible Hulk and She-Hulk. A segunda temporada também traria o Hulk Cinza, que lutaria pelo controle da mente de Banner contra o Hulk original. Essas mudanças não agradaram ao público, e a audiência da segunda temporada foi sofrível, o que faria com que ela fosse cancelada após apenas oito episódios, para um total de 21, o último sendo exibido em 23 de novembro de 1997.

Em 1997, Larry Brody, criador da Série Animada de Jornada nas Estrelas e do desenho do Super-Homem produzido por Paul Dini e Bruce Timm, procuraria a Marvel Studios com a ideia de um desenho do Surfista Prateado, herói que realmente não era muito lembrado nessas horas. Como a produção do desenho dos X-Men já havia se encerrado, a Marvel entregou a produção do desenho do Surfista à Saban. Mesclando animação tradicional e computação gráfica, o desenho seria fortemente inspirado nas histórias clássicas criadas por Jack Kirby, principalmente no tocante ao visual dos personagens. Para que o Surfista fosse a verdadeira estrela do desenho, alguns pontos-chave das histórias seriam alterados, como a total ausência do Quarteto Fantástico na chegada de Galactus à Terra, que é salva pelo Surfista por lembrá-lo de Zenn-La, seu planeta natal.

O desenho do Surfista Prateado estrearia em 7 de fevereiro de 1998 na Fox - na época, Loesch já não era a diretora do canal, tendo sido substituída por Roland Poindexter, e, após as experiências ruins com a UPN e com os desenhos em syndication, a Marvel decidiria tentar mais uma vez com o canal que havia televisionado seus maiores sucessos da década. Seus 13 episódios contariam um grande arco de história, tocando em temas como ecologia, imperialismo, pacifismo e escravidão, e contando com a participação de vários personagens "espaciais" da Marvel, como Thanos, Nebula, o Vigia, Frankie Raye, Pip, Drax, Gamora, Bill Raio Beta e Adam Warlock. Apesar de ter tido boa audiência e agradado à crítica - cuja única reclamação foi quanto ao excesso de monólogos longos do protagonista - o desenho só teria essa temporada, se encerrando em 16 de maio de 1998. Oito roteiros chegaram a ser escritos para uma segunda temporada, mas a produção do desenho era caríssima, e a Marvel, passando mais uma vez por um momento complicado, preferiria investir em um desenho mais barato e de maior retorno.

Esse desenho, na opinião da Marvel, era o do Homem-Aranha. Sem Loesch na Fox, Arad aceitaria retomar a produção, e começariam os planos para uma hipotética sexta temporada, com orçamento bastante reduzido em relação às cinco anteriores. Essa temporada, porém, esbarrou em um problema: mais ou menos na mesma época, a Marvel negociou os direitos do Homem-Aranha com a Sony, para que fosse produzido o filme do Sam Raimi. Por causa do contrato firmado com a Sony, a Saban não poderia usar o uniforme original do herói, nem adaptar nenhuma de suas histórias clássicas.

A Saban poderia simplesmente ter convencido a Marvel a produzir um desenho de outro personagem, mas resolveu pagar pra ver com uma solução bem bizarra: no novo desenho, o uniforme do Homem-Aranha teria nanotecnologia criada pelo Sr. Fantástico, que incluía tecnologia de camuflagem e raios sônicos, e ele viveria suas aventuras não na Terra, mas na Contra-Terra, um planeta extremamente semelhante ao nosso, descoberto por John Jameson, o filho astronauta do dono do Clarim Diário. A Contra-Terra é dominada pelo Alto Evolucionário, um geneticista que combina DNA de humanos e animais buscando criar a raça perfeita, e o Homem-Aranha vai parar lá quando Venom e Carnificina sabotam o ônibus espacial que está levando John Jameson para o planeta enquanto Peter está tirando fotos do evento - quando o Homem-Aranha tenta impedir os vilões, os quatro acabam viajando pelo espaço, e, graças à sabotagem, ficam presos na Contra-Terra.

Apesar de ser oficialmente uma continuação, o desenho sairia tão diferente do anterior que a Marvel decidiria lhe dar um subtítulo, Homem-Aranha: Ação Sem Limites (Spider-Man Unlimited em inglês). O desenho estrearia em 2 de outubro de 1999 com boa audiência, mas, devido à popularidade de Pokémon no concorrente Kids WB, a Fox optaria por investir em Digimon, tirando o Homem-Aranha do ar após apenas quatro episódios. A série só voltaria ao ar em 13 de janeiro de 2001, mais de um ano após a exibição do quarto episódio, quando os nove restantes, para um total de 13, seriam finalmente exibidos. Talvez pelo longo hiato, talvez porque o desenho era ruinzinho mesmo, essa "segunda metade" não teve boa audiência, e uma segunda temporada não foi produzida, mesmo com oito roteiros já estando prontos - o último episódio, que foi ao ar em 31 de março de 2001, aliás, termina com um final aberto, cuja conclusão ninguém jamais saberá.

Antes de a década terminar, Marvel e Fox ainda produziriam um último desenho, dos Vingadores (chamado, em inglês, Avengers: United They Stand). Poindexter já planejava fazer um desenho dos Vingadores desde 1997, e dois dos roteiristas do desenho dos X-Men chegaram a criar uma sinopse para um arco de história de 13 episódios, mas os problemas financeiros da Marvel adiariam a produção da série até 1999. No desenho, a equipe dos Vingadores é formada por Homem-Formiga, Vespa, Magnum, Tigra, Gavião Arqueiro, Falcão, Visão e Feiticeira Escarlate. Segundo o roteirista-chefe Eric Lewald, mesmo do desenho dos X-Men, a opção de deixar os "Vingadores principais" - Capitão América, Homem de Ferro, Thor e Hulk - de fora se deveu ao fato de que ele preferia focar em um grupo equilibrado de super-heróis ao invés de um grupo de coadjuvantes liderado por estrelas, mas a verdade é que a Marvel, assim como havia feito com Homem-Aranha e X-Men, planejava negociar os direitos desses personagens para filmes, e colocá-los no desenho podia prejudicar as negociações. Capitão América e Homem de Ferro ainda chegaram a fazer participações especiais em um episódio cada, mas Thor só aparece na abertura, e o Hulk nem isso.

Na época, o desenho de super-heróis mais popular era Batman do Futuro, exibido pela Kids WB, o que fez com que a Fox pedisse à Marvel que ambientasse o desenho dos Vingadores cerca de 20 anos no futuro, para tentar pegar uma carona no sucesso do concorrente. Assim, Nova Iorque, onde a ação se passa, possui prédios e carros futuristas, e os Vingadores contam com tecnologias como armaduras e um comunicador em forma de A ao estilo dos de Jornada nas Estrelas. Os antagonistas, porém, são os mesmos dos quadrinhos, como Ultron, Kang, os Mestres do Mal, o Zodíaco e o Ceifador, que no desenho também é irmão de Magnum. Embora as histórias clássicas não tenham sido adaptadas para o desenho, vários episódios faziam referências a elas.

O desenho dos Vingadores também só teve uma temporada, de 13 episódios, estreando em 30 de outubro de 1999 e se encerrando em 26 de fevereiro de 2000. Sinopses para a segunda temporada chegaram a ser planejadas, incluindo participações especiais de Hulk, Thor e dos X-Men, mas, devido à baixa audiência da primeira, a Fox preferiu não encomendar a segunda.

Série Desenhos Marvel

Década de 1990

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segunda-feira, 25 de março de 2013

Escrito por em 25.3.13 com 0 comentários

Desenhos Marvel (I)

Alguns posts do átomo acabam sendo adiados indefinidamente, por uma variedade de motivos. Alguns se perdem para sempre, outros, de repente, quando menos se espera, ressurgem. É o caso do post de hoje.

Desde que eu fiz o post sobre o Thor que eu venho querendo falar sobre The Marvel Super Heroes. Outros assuntos mais cotados acabaram entrando na frente, porém, e somente hoje eu resolvi tirá-lo da minha cabeça. Bom, antes tarde do que nunca.

Para quem não está ligando o nome à pessoa, The Marvel Super Heroes é aquele desenho nem um pouco animado que passava nas manhãs, quase madrugadas, dos anos 80 na TV, não me lembro bem em qual canal. Eu lembro que eu tinha uns 6 ou 7 anos de idade e estudava de manhã, o que fazia com que eu tivesse de acordar bem cedo, algumas vezes até tendo de acender as luzes para tomar café, pois o sol ainda nem havia nascido, e, mesmo assim, quando eu ligava a televisão, lá estavam os Heróis Marvel combatendo o crime. Sempre me perguntei por que resolviam passar aquele desenho tão cedo, e sempre achei que fosse para as crianças que acordavam cedo como eu.

Confesso que, na época, eu não achava o desenho lá essas coisas. Era feio e esquisito, e a concorrência - o desenho dos Super Amigos, da DC - passava na mesma época, em horário mais acessível e era melhor produzido. Ainda assim, foi um desenho que marcou a minha infância - até hoje me lembro de alguns trechos de alguns episódios, em especial uma luta do Thor contra o Homem-Absorvente - além de ter sido o responsável para que eu conhecesse os Heróis Marvel - mais tarde, quando tive meu primeiro contato com eles nos quadrinhos, já os conhecia, ao passo que alguns amigos meus só conheciam os da DC.

The Marvel Super Heroes foi produzido pela Grantray-Lawrence Animation, fundada pelos publicitários Grant Simmons, Ray Patterson e Robert Lawrence. Inicialmente criada em 1954 para fazer peças publicitárias em animação, a empresa decidiria se aventurar pelo mundo dos desenhos animados para tentar ganhar um dinheiro extra em 1965, e, para isso, procuraria o então diretor da Marvel, Martin Goodman. Animado com a possibilidade de levar os personagens Marvel para a televisão, Goodman fecharia o contrato, deixando a cargo de Lawrence escolher os heróis que estrelariam o desenho. Goodman também apontaria Stan Lee, à época diretor de arte da Marvel e criador ou co-criador de quase todos os personagens da editora, para ser diretor de arte do desenho. Lee não se animou muito, e, para convencê-lo, Lawrence alugou uma cobertura no centro de Nova Iorque, próxima ao estúdio, onde ele e sua esposa poderiam morar enquanto a série estivesse sendo produzida.

O problema foi que, ao contrário do que possa parecer, a Grantray-Lawrence Animation não estava exatamente nadando em dinheiro - The Marvel Super Heroes era, justamente, uma tentativa desesperada de fazer caixa. O resultado foi que o orçamento para os desenhos era quase inexistente, o que levou à criação de uma técnica, no mínimo, inusitada: o estúdio pegava arte já pronta dos quadrinhos Marvel, recortava os personagens que interessavam, juntava todos para fazer uma cena, tirava xerox, coloria e filmava com a câmera de animação. Por um lado, isso cortou imensamente os custos, já que nenhum animador precisou ser contratado, por outro, fez com que o desenho não fosse exatamente animado - as únicas coisas que se moviam eram os lábios dos personagens quando eles falavam, um eventual braço ou perna, ou uma silhueta totalmente preta, desenhada pelo próprio Lawrence. Os desenhistas responsáveis pela arte dos quadrinhos Marvel "pirateados", especialmente Jack Kirby, Steve Ditko e Don Heck, jamais receberam um tostão, mas, como eram outros tempos, também jamais se importaram com isso.

The Marvel Super Heroes não foi produzida como uma série animada de um só herói, mas como cinco séries distintas, cada uma indo ao ar um dia da semana: segunda-feira era o dia do Capitão América, terça-feira era o Hulk, quarta-feira o Homem de Ferro, quinta-feira o Thor e sexta-feira era a vez de Namor, o Príncipe Submarino (Nota do Guil: o nome da quinta-feira em inglês, Thursday, vem de Thor's Day, o "Dia de Thor" - quem programou o desenho do Thor para as quintas-feiras ou teve uma sacada genial ou proporcionou uma bizarra coincidência). Além desses heróis, também fizeram participações especiais os X-Men originais (Anjo, Fera, Homem de Gelo, Ciclope e Garota Marvel) em um dos episódios de Namor - mas identificados como "Aliados pela Paz" ao invés de X-Men - e alguns dos Vingadores (Gigante, Vespa, Gavião Arqueiro, Mercúrio e Feiticeira Escarlate) em alguns episódios do Capitão América.

Por alguma razão bizarra, cada dia era composto não de um, mas de três episódios de sete minutos cada, que, juntos, formavam uma mesma história. Além dos comerciais, completavam os 30 minutos de exibição na TV uma abertura genérica, que passava todos os dias - cada super-herói tinha também sua própria abertura, que passava logo depois da genérica - um encerramento com os créditos, e propagandas dos heróis dos outros dias, que exibiam seus poderes e anunciavam em qual dia da semana as crianças poderiam vê-los. Apesar da "pirataria", os episódios não eram cópias das histórias dos quadrinhos, e sim roteiros originais inspirados por elas - o episódio de Namor que conta com a participação dos X-Men, por exemplo, foi inspirado em uma história do Quarteto Fantástico, e os X-Men substituíram o Quarteto por razões de licenciamento, já que a Marvel já estava negociando com a Hanna-Barbera para fazer um desenho só deles.

Originalmente, The Marvel Super Heroes foi ao ar entre 1o de setembro e 1o de dezembro de 1966, já em esquema de syndication - vendida para vários canais ao mesmo tempo, ao invés de passar primeiro em um para depois ser oferecida aos demais. Ao todo, foram produzidos 39 episódios de cada herói, que, exibidos de três em três, foram o suficiente para manter cada um no ar durante 13 semanas - e, multiplicando 13 por 5, que é o número de heróis, temos 65, que, como os leitores do átomo sabem, é o número padrão de episódios por temporada para uma série animada norte-americana que vai ao ar de segunda a sexta.

Após sua exibição original, The Marvel Super Heroes foi bastante reprisado, inclusive desmembrado, com seus curtos episódios servindo até para que alguns canais ocupassem o espaço entre um desenho e outro em sua programação. A Marvel ficou satisfeita com o sucesso do desenho, e confiou à Grantray-Lawrence Animation a produção de mais um desenho, dessa vez do Homem-Aranha.

Esse desenho, que estreou em 9 de setembro de 1967 e teve Stan Lee e John Romita como consultores, mostrava Peter Parker apenas como fotógrafo do Clarim Diário, tendo de aturar as maluquices de J. Jonah Jameson ou cantando a secretária Betty Brant, até que algum crime acontecia e ele se transformava no Homem-Aranha para impedir os vilões. Curiosamente, praticamente nada da vida de Peter fora do Clarim era sequer mencionado.

O orçamento do desenho do Homem-Aranha foi um pouco maior, já que a Marvel conseguiu negociá-lo com o canal ABC, que já exibia o desenho do Quarteto Fantástico produzido pela Hanna-Barbera, ao invés de oferecê-lo em syndication; mesmo assim, a animação era bastante precária, com os personagens tendo poucos movimentos e muitas cenas, como a de Peter vestindo a máscara ou a do Homem-Aranha se balançando entre os prédios, sendo repetidas a cada episódio. Apesar disso, o desenho fez um imenso sucesso, principalmente graças à musiquinha da abertura, até hoje associada ao personagem.

Infelizmente, o grande sucesso do desenho não livraria a Grantray-Lawrence Animation de um triste destino: a falência. Os problemas financeiros que fizeram com que o estúdio procurasse a Marvel só fizeram aumentar e, no final de 1967, eles finalmente tiveram de fechar as portas. Como a ABC encomendou uma segunda temporada do desenho, a Grantray-Lawrence Animation indicou a Krantz Films, com quem já havia trabalhado em duas outras produções, para substituí-la.

A Krantz Films, entretanto, não fez um bom trabalho. Para começar, cortaria ainda mais o orçamento, tornando a animação ainda mais precária. Em segundo lugar, enquanto os episódios da primeira temporada contavam com praticamente todos os vilões de sucesso dos quadrinhos do Homem-Aranha, a Krantz optaria por usar na segunda vilões genéricos criados por ela mesma, quase todos com poderes de origem mágica, um artifício para que ela pudesse reaproveitar cenas de outros desenhos seus - dois dos episódios, por exemplo, eram cópias fiéis de episódios de Rocket Robin Hood, que apenas substituíam o protagonista pelo Homem-Aranha. Lee e Romita também deixariam seus cargos de consultores, ficando a criação das histórias totalmente a cargo da Krantz. Finalmente, na segunda temporada Peter quase não apareceria no Clarim, com sua parte das histórias sendo ambientada na faculdade, onde ele tinha problemas com esportes e valentões e sempre tentava convidar belas colegas para encontros, sem sucesso.

Apesar de todos os problemas, a ABC ainda encomendaria uma terceira temporada, na qual a Krantz traria de volta os vilões clássicos, mas com vários erros de continuidade, principalmente em sua aparência. Uma queda vertiginosa na audiência fez com que não houvesse uma quarta.

No total, o desenho teve 77 episódios, sendo 38 na primeira (exibidos em 20 dias de segunda a sexta; 36 desses episódios tinham 12 minutos cada e foram exibidos dois a dois, enquanto os outros dois tinham 25 minutos cada), 19 (de 25 minutos cada) na segunda e 20 na terceira (16 deles com 12 minutos e exibidos dois a dois, mais cinco de 25 minutos, para um total de 13 semanas). O último foi ao ar dia 14 de junho de 1970.

O desenho do Quarteto Fantástico não teve melhor sorte. Com animação igualmente precária e vilões com visual bem diferente dos quadrinhos - especialmente Galactus - o desenho não fez muito sucesso, sendo cancelado após apenas 20 episódios de 22 minutos cada, que foram ao ar semanalmente (e bem espaçados entre si) entre 9 de setembro de 1967 e 21 de setembro de 1968.

O insucesso dos desenhos do Homem-Aranha e do Quarteto Fantástico fariam com que a Marvel passasse praticamente toda a década de 1970 sem investir em desenhos. Somente em 1978 ela decidiria abrir seu próprio estúdio de animação, a Marvel Comics Animation, fazendo uma parceria com a DePatie-Freleng Enterprises, conhecida pelos desenhos da Pantera Cor-de-Rosa e do Mr. Magoo, para um segundo desenho do Quarteto Fantástico. Bizarramente, nesse desenho a equipe não contava com a presença do Tocha Humana, substituído pelo robô Herbie. Na época, houve um rumor de que o canal que exibiria o desenho, a NBC, havia exigido a mudança, temeroso de que as crianças que o assistissem quisessem imitar o Tocha Humana e ateassem fogo às próprias roupas, mas a verdade é que a Marvel já estava negociando o Tocha Humana para estrelar um filme solo para a TV produzido pela Universal, que jamais sairia do papel, e a Universal impediria a DePatie-Freelang de usar o personagem. Com qualidade de animação melhor que o desenho anterior, mas deixando a desejar nos roteiros, o segundo desenho do Quarteto teria apenas 13 episódios de 22 minutos cada, exibidos entre 9 de setembro e 16 de dezembro de 1978.

No início de 1979, a Marvel seria procurada mais uma vez pela ABC, interessada em um novo desenho. Dessa vez, ao invés de apostar em seus heróis mais populares, a Marvel decidiria por um personagem novo, a Mulher-Aranha, que havia estreado nos quadrinhos em fevereiro de 1977 - e cuja origem, curiosamente, está ligada aos desenhos animados: em 1976, a Filmation, que na década de 1980 se tornaria famosa pela produção do desenho do He-Man, anunciou que seu próximo lançamento seria o desenho de uma super-heroína chamada Web Woman (a "Mulher-Teia"). Ao tomar conhecimento da notícia, Stan Lee decidiu que a Marvel precisava garantir os direitos sobre o nome "Mulher-Aranha" antes que outra companhia qualquer o fizesse. Já rolava um certo atrito entre a Marvel e a DC por causa dessa troca de gêneros desde 1964, quando a Marvel lançou o Magnum (cujo nome em inglês é Wonder Man) e foi acusada pela DC de plágio do nome da Mulher Maravilha (Wonder Woman); por sua vez, em 1976, a DC lançaria a Poderosa (Power Girl), e seria acusada pela Marvel de plágio do nome de Luke Cage (que em inglês, na época, usava o codinome Power Man). Como o Homem-Aranha era o herói Marvel mais popular, Lee ficou com medo de que alguém lançasse uma Mulher-Aranha, e quis garantir logo o nome.

O desenho, portanto, seria uma boa oportunidade para aumentar a popularidade da personagem e trazer mais leitores para os quadrinhos. Criado mais uma vez em parceria com a DePatie-Freleng Enterprises, ele seria exibido entre 22 de setembro de 1979 e 3 de janeiro de 1980, com um total de 16 episódios semanais de 25 minutos cada, e acompanharia a vida de Jessica Drew, que, quando criança, foi mordida por uma aranha venenosa. Para salvá-la, seu pai a injetou um soro experimental, que acabaria dando à menina super-poderes. Já adulta, Jessica trabalha como editora da revista Justice, ao lado do fotógrafo Jeff e de seu sobrinho adolescente Billy. Quando a necessidade surge, ela assume o manto de Mulher-Aranha, usando seus poderes para combater o mal. Curiosamente, essa história tem muito pouco a ver com a dos quadrinhos - nos quais Jeff, Billy e a revista Justice nem existiam, e os poderes da Mulher-Aranha eram completamente diferentes, por exemplo - mas acabou funcionando bem.

Diferentemente dos imediatamente anteriores, o desenho da Mulher-Aranha seria um grande sucesso. Aproveitando a crista da onda, David DePatie e Friz Freleng, que já vinham mais uma vez sofrendo com problemas financeiros, ofereceriam vender a companhia para a Marvel, que aceitaria e mudaria seu nome para Marvel Productions. Freleng voltaria para a Warner Bros, de onde havia saído para fundar a empresa, mas DePatie ficaria na Marvel e se tornaria presidente da Marvel Productions. Sua primeira decisão seria não fazer uma segunda temporada da Mulher-Aranha, e sim um novo desenho do Homem-Aranha.

Mais uma vez contando com a supervisão de Stan Lee, esse novo desenho teria arte inspirada nas tirinhas do herói publicadas em jornais da época, desenhadas por John Romita. Nele, o Homem-Aranha enfrentava vilões clássicos dos quadrinhos - a maioria de sua própria série, mas alguns "emprestados", como Magneto e o Dr. Destino - enquanto Peter Parker tentava conciliar sua vida de herói com seu emprego no Clarim Diário, seus estudos na Universidade e os cuidados com sua idosa Tia May. O desenho teria um total de 26 episódios de 25 minutos cada, exibidos semanalmente entre 12 de setembro de 1981 e 30 de março de 1982 em regime de syndication.

Enquanto o desenho estava em produção, porém, aconteceu um fato curioso: a NBC procuraria a Marvel, interessada em um desenho para competir com o dos Super Amigos, então exibido pela ABC. A NBC não queria, porém, um desenho dos Vingadores (a "versão Marvel" da Liga da Justiça), e sim um desenho no qual o Homem-Aranha liderasse um grupo de heróis, todos amigos uns dos outros, contra famosos vilões da Marvel.

Foi o próprio Stan Lee quem teve a ideia para o nome desse desenho, Homem-Aranha e Seus Amigos (Spider-Man and His Amazing Friends no original), bem como para a formação da equipe - ao invés de um bando de heróis Marvel, apenas três: o Homem-Aranha, o Homem de Gelo dos X-Men e o Tocha Humana do Quarteto Fantástico. Mas a NBC, aparentemente, não ia muito com a cara do Tocha Humana, já que, assim como não ligou de ele não estar presente no desenho do Quarteto, não o queria nesse. Além disso, a emissora não ficou muito satisfeita com um trio masculino, e pediu à Marvel que a equipe tivesse pelo menos uma mulher. Para manter o tema aranha-gelo-fogo, Stan Lee inventaria uma personagem totalmente nova, a Estrela de Fogo, uma mutante que, no desenho, é amiga do Homem de Gelo e membro dos X-Men, e que faria tanto sucesso que estrearia também nos quadrinhos, em Uncanny X-Men 193, de maio de 1985.

No primeiro episódio, o Homem-Aranha, o Homem de Gelo e a Estrela de Fogo se encontram por acaso durante uma luta contra o Besouro, e, após descobrirem acidentalmente suas identidades secretas e que estudam todos na mesma universidade, decidem dividir um apartamento e atuar juntos na luta contra o mal. Estreando no mesmo dia em que o desenho solo do Homem-Aranha, Homem-Aranha e Seus Amigos teria uma primeira temporada de 13 episódios semanais de 25 minutos, e faria tanto sucesso que acabaria eclipsando o outro desenho - muita gente acha que Homem-Aranha e Seus Amigos é a segunda temporada do desenho do Homem-Aranha, ou que ambos fazem parte de uma mesma série, com o Homem-Aranha atuando sozinho em alguns episódios e acompanhado em outros.

Satisfeita com o desempenho do desenho, a NBC encomendaria não somente uma segunda temporada, mas também um segundo desenho, com o qual faria um bloco de uma hora somente com heróis Marvel. A Marvel decidiria que esse novo desenho seria do Hulk, para aproveitar a popularidade da série com Bill Bixby e Lou Ferrigno, exibida pela CBS, e que em 1982 chegaria à sua última temporada. Bem mais fiel aos quadrinhos que a série de TV, esse novo desenho do Hulk formaria com Homem-Aranha e Seus Amigos um bloco chamado The Incredible Hulk and the Amazing Spider-Man, que, assim como The Marvel Super Heroes, teria uma abertura e créditos comuns, com cada um dos dois desenhos também mantendo sua abertura no início de cada episódio. O bloco estrearia em 18 de setembro de 1982.

A produção do desenho do Hulk sofreria vários problemas, a maioria envolvendo preocupações da NBC em relação à reação dos pais das crianças que assistissem o desenho - por exemplo, nenhum soldado podia portar armas que lembrassem armas reais, apenas armas futuristas, e o Hulk não podia machucar nenhum humano, apenas destruir objetos inanimados para atrasar seus perseguidores. Muitas dessas mudanças acabaram sendo pedidas de última hora, o que levaria a atrasos na produção. O resultado foi que a primeira temporada do Hulk teria 9 episódios, mas a segunda de Homem-Aranha e Seus Amigos acabaria apenas com três, que contavam, cada um, as origens dos heróis do trio. Os outros seis episódios de Homem-Aranha e Seus Amigos necessários para fechar o bloco seriam reprises da primeira temporada, com a adição da narração de Stan Lee - a narração na primeira temporada de Homem-Aranha e Seus Amigos havia ficado a cargo de Dick Tufeld, mas, como Stan Lee havia sido contratado para narrar o desenho do Hulk, e, para manter a coerência, como ambos fariam parte do mesmo bloco, a segunda temporada de Homem-Aranha e Seus Amigos, por conseguinte foi necessário que ele dublasse a narração dos episódios reprisados também. Essa nova narração foi adicionada apenas aos episódios exibidos pela NBC, não existindo nos que depois foram vendidos em syndication nem nos lançados em DVD.

No ano seguinte, o nome do bloco, que estrearia em 17 de setembro de 1983, seria invertido, mudando para The Amazing Spider-Man and the Incredible Hulk - talvez para refletir que aconteceu justamente o contrário do ano anterior: enquanto a terceira temporada de Homem-Aranha e Seus Amigos teve oito episódios, a segunda do Hulk teve apenas quatro, com quatro reprises completando o bloco. Na verdade, ao invés de preparar episódios novos, a Marvel apenas finalizaria os que não ficaram prontos a tempo no ano anterior, o que desagradou a NBC, que preferiu reprisar os episódios antigos em 1984 e 1985 ao invés de encomendar novas temporadas. Na contagem geral, Homem-Aranha e Seus Amigos teve 24 episódios e The Incredible Hulk 13, ambos encerrando sua exibição em 5 de novembro de 1983.

E é isso. Comecei querendo falar só sobre The Marvel Super Heroes, acabei falando sobre todos os desenhos Marvel das décadas de 1960, 1970 e 1980. E vou parar por aqui, pois agora vêm os da década de 1990, que são muitos. Não garanto nada, mas quem sabe um dia eu não fale sobre eles também?

Série Desenhos Marvel

Décadas de 1960 a 1980

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